sexta-feira, 18 de novembro de 2011

I AM IN TRAINING DON'T KISS ME

Quando pesquisava para meu trabalho de conclusão de curso, me deparei com a fotografa francesa, Claude Cahan. Antes de começar a escrever sobre ela, gostaria de deixar aqui algumas palavras.

Uma coisa que sempre reparei é que pouco ouvi falar sobre mulheres fotógrafas. Em um curso de extensão na faculdade, onde praticamente tive meus primeiros contatos com a história da fotografia, ouvi sobre vários fotógrafos, como Helmut Newton, do qual sou fã, Man Ray, Richard Avedon, Robert Frank e mais um bocado de nomes consagrados da fotografia mundial, todos homens e, nenhuma mulher.

Já conhecia um pouco o trabalho de Cindy Sherman, quando fazia outra pesquisa e, acho, sem certeza, que era a única que conhecia. Começou fazendo auto-retratos. Famosa por suas fotografias, onde posava fazendo a reprodução  de telas de grandes pintores. 

Provavelmente você já viu uma das famosas fotografias dela, a reprodução fotografia da tela de Caravaggio, "Baco Enfermo",se não viu é essa logo abaixo.


Sem titulo: de Cindy Sherman (1990)


Escreveria um post inteiro sobre ela, mas este aqui é sobre a outra fotógrafa, a Claude Cahan, seu trabalho influenciou Sherman, as duas se fotografam representando personas, a primeira aparece sempre com o rosto sério, quase neutro e Sherman  utiliza várias máscaras.

Claude Cahun foi registrada com o nome de Lucy Renée Mathild Schwob, criada pela avó paterna, pois sua mãe tinha problemas mentais.

Viveu até o fim de sua vida ao lado de sua companheira, a artista e sua meia-irmã Suzanne Malherbe.


Claude Cahun

Lucy Schwob adotou o pseudônimo de Claude Cahun, intencionalmente, pois na França é um nome ambíguo, podendo tanto ser masculino, quanto feminino, Suzanne Malherbe também adotou um pseudônimo, Marcel Moor.

Conheceu André Breton, considerado o "inventor" do movimento surrealista e René Crevel, poeta e romancista francês, que também integrava o grupo de surrealistas, liderados por Breton em Paris.

Participou com outros artistas, de algumas exposições surrealistas em Paris e Londres.

Com a explosão da 2ª Guerra Mundial, Cahun, que também era judia, vai junto com sua companheira, para Jersey, uma ilha britânica na costa da França. Combatia resistentemente a guerra. Fluente em alemão, se disfarçava e, usava da linguagem como sua arma para subverter o exército nazista, infiltrando-se nos acontecimentos militares alemães, elas colocavam nos bolsos dos soldados, nos carros e nas janelas das casas, panfletos traduzidos do inglês para o alemão de relatórios da BBC, sobre as atrocidades e insolências cometidas pelos nazistas.


Fotografia: claude cahan


Cahun e Suzanne Malherbe, não só usavam de ações politicas, mas também artísticas  como forma de manipular e tentar destruir as forças opressoras. Toda a sua luta pessoal e política, seu empenho e coragem de lutar de frente com os nazistas, nos leva a compreender seus auto-retratos. 

Sem nenhuma preocupação com a história da arte, pois ela não se importava com isso, retratava o que a afetava diretamente e, os acontecimentos que observava. Não comungava da ideia de mostrar o talento ,a arte, como uma forma de ganhos financeiros.

Fotógrafa, escritora e atriz, Claude Cahun nos mostra não só na sua vida pessoal, mas também em seu trabalho, a inversão de papéis, a pluralidade de um ser, o conhecimento sobre gênero, beleza e sexualidade. 

Aparecendo em seus auto-retratos, ora trajando roupas masculinas, cabelos curtos ou raspados, o que era totalmente inimaginável e fora de questão na época, ora com trajes femininos, maquiada e cabelos longos.


Fotografia: claude cahan



Fotografia: claude cahan


Seus auto-retratos mostram uma poesia singular, intimista e revolucionária, documentando a realidade que caminhava para a modernidade.

Sua participação no movimento surrealista, desmistificou a imagem feminina dentro do movimento, como um ícone isolado, simbolo do erotismo, dando nova forma de mostrar a mulher dentro do universo surrealista, onde seus representantes eram de maioria masculina.

Ela mostrou as múltiplas possibilidades de identidade do feminino, seu trabalho influenciou  artistas, tais como Nan Goldin, fotógrafa americana que também merece um post, e a já citada neste , Cindy Sherman.



Fotografia: claude cahan


Fotografia: claude cahan



Sua vida e seu trabalho se fundem, como se um fosse a continuidade do outro. O trabalho de Cahun só começou a ser observada com mais atenção e ganhar destaque, quase que no final do século XX, como um dos mais originais e criativos.


Fotografia: claude cahan



Claude Cahun e Suzanne Malherbe, foram presas pelos nazistas no ano de 1944 e, condenadas a morte, entretanto, tal sentença nunca foi cumprida e as duas foram soltas no ano de 1945. Saiu da prisão com a saúde afetada e nunca mais recuperada, devido a problemas de saúde, veio a falecer aos 60 anos de idade no ano de 1954 e Suzanne Malherbe faleceu em fevereiro de 1972 aos 80 anos.



Fotografia: claude cahan

O nome de Claude Cahan não consta nos tratados surrealistas, mesmo ela tendo participado do movimento e, tão pouco encontraremos nos grandes livros de história da arte, mas nem por isso seu trabalho se torna menos importante para a arte. Ela é uma artista, que merece ser sempre lembrada.

Claude Cahun, foi uma notável fotógrafa, não somente pela arte que produziu, mas também por seu engajamento politico, personalidade e ousadia.

Mencionada por muitos devido ser homossexual, considera por outros como um fotografo transexual, do feminino para o masculino, mas o que eu vejo em suas fotografias é uma mulher corajosa em sua atitude de desafiar  a sociedade de sua época, onde a mulher não tinha voz, e mostrar nas suas fotografias, escritos e atitudes, que a mulher também é forte, também pode dialogar de maneira lógica, e política. 

A neutralidade em sua face, a sua imagem careca, à mim, mostra bem essa imparcialidade entre os gêneros, o meio, o equilíbrio, pois ao mesmo tempo em que se traja do masculino, ela é o feminino. Claude Cahun nos revela em suas fotografias as possibilidades de transmutação da identidade feminina.

Enquanto alguns de seus contemporâneos se desnudavam diante das lentes dos fotógrafos para mostrarem, Claude Cahun fazia o contrário, ela se vestia, e como bem disse Michael Rush em seu artigo, "A arte performática vive", a "artista valia-se de disfarces para desmascarar identidades".



Fotografia: claude cahan










Você pode ler mais também aqui:

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Lambe-Lambe

“Olha o passarinho!”


http://fotografoslambelambes.blogspot.com/2010/02/fotografos-ambulantes-no-brasil-os.html


“Olha o passarinho!” – dizia um fotógrafo lambe-lambe na calçada de uma praça. O sujeito precisava de um retrato para documento: sentava-se num banquinho, penteava o cabelo, vestia um paletó com suor de um qualquer, o lambe-lambe ajeitava-lhe a gravata e corria a se meter sob o negro pano que cobria a traseira do seu equipamento.

Na minha primeira infância, quando ia para o Instituto Araguaia, olhava pela janela do Fusca branco do meu pai algumas banquinhas, parecidas com bancas de jornal e que ficavam em alguns pontos do centro de Goiânia, como na Praça Cívica em meados dos anos 1980.

_ Pai o que são essas casinhas?
_ Essas casinhas aí são banquinhas pra tirar foto, minha filha!
_ Nossa, mas é um lugarzinho tão pequenininho! Cabe gente lá dentro?
_ Pois é, é apertado! Mas cabe sim: só quem vai tirar a foto e o fotógrafo!
_ Ah, é? E como ele faz?
_ Uai, minha filha, a gente chega lá e pede uma foto pra documento. Ele pergunta o tamanho, você diz. Daí, ele empresta uma camisa, uma gravata e um paletó. A gente ajeita o cabelo e ele fala assim: “Olha o passarinho!”
_ Eca, mas todo mundo usa a mesma roupa que o outro estranho usou, sem lavar?
_ Ah, ninguém ligava pra isso, não!
_ Devia ser fedido!
_ Ih, a gente nem sentia! Nossa, mas a foto saía perfeita! Antigamente, quando eu cheguei de Belo Horizonte aqui em Goiânia nos anos 60, todo mundo tirava foto de documento na rua! Sabe aqueles retratinhos preto-e-branco que eu tenho de mim quando eu era rapazinho e magrinho? Pois é, muitos eu tirei na rua assim! Pena que hoje em dia quase não se usa isso mais, esses fotógrafos devem tá morrendo de fome, todo mundo tira foto de documento lá no Sakura e no Fujioka...


http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/aniversariodecuritiba/territorio/



Do povo e para o povo

Muitos anônimos, nascidos do povo e produzindo para o povo, poucos se preocuparam em registrar seus nomes nas fotografias. Embora, em Curitiba, também se declarassem como lambe-lambes, esses fotógrafos de rua que tinham seus pequenos estúdios e laboratórios em bancas não foram os primeiros fotógrafos lambe-lambes tipicamente característicos: andarilhos de rua. Aqueles, os mais antigos, eram ambulantes com grandes câmeras-caixotes que atuavam em praças, parques, jardins e locais públicos (FERNANDES JÚNIOR, s.n.; SILVA, 2009). Já, os fotógrafos das banquinhas eram versões mais modernas dos antigos lambe-lambes, pois estando alocados num ponto fixo, não mais se constituíam nômades ou sentados à espera do cliente sob a sombra de uma frondosa árvore numa praça, nem num jardim a céu aberto.





Os fotógrafos de jardim, os primeiros lambe-lambes, ambulantes, fotógrafos instantâneos, trabalhadores informais que ganhavam a vida fotografando populares, registrando a vida citadina, mais comumente produzindo fotos preto-e-branco para documentos diversos, usavam grandes câmeras, muitas vezes artesanais, simples e fabricadas por eles próprios, que além de serem dispositivos fotográficos, eram também mini-laboratórios de revelação e ampliação.

A câmera lambe-lambe era confeccionada com uma caixa de madeira contendo uma objetiva (conjunto de lentes) apoiada sobre um tripé. Era dividida em duas partes: superior e inferior, na inferior havia dois químicos que seriam usados com filmes e papéis fotográficos para o banho, o revelador e o fixador. Quando ia revelar, o fotógrafo enfiava a mão dentro da câmera para fazer a revelação através de aberturas, como sacos ou meias, que impediam a entrada de luz. Usavam como câmera a máquina Bernardi ou máquina “Caixote”, fabricada por Francisco Bernardi, italiano de Bolonha, tendo a câmera sido introduzida no Brasil aproximadamente no ano de 1915 (FRANCO, 2004).



http://lambelambecultural.blogspot.com/


Em seu primórdio, a fotografia direcionava-se à elite e exigia conhecimentos de química e física. Os avanços tecnológicos, a industrialização de equipamentos e materiais corroborou para o barateamento da fotografia e à sua massificação ao final do século XIX. Dessa forma, os lambe-lambes contribuíram para popularizar a fotografia no Brasil ao final daquele século sobrevivendo de maneira bastante escassa até o século XXI, não tendo eles atingido a classe dominante. Seus clientes geralmente eram humildes suburbanos, oriundos de cidades pequenas ou à procura de trabalho. Ofereciam preços abaixo dos estúdios maiores e entregavam as fotografias prontas em menor tempo, o saber da técnica fotográfica passava de pai para filho, mas isto nem sempre necessariamente foi assim (FRANCO, 2004).

Lambe-lambe?

Há várias explicações para o termo lambe-lambe, (observar as referências e indicações para leitura ao final deste post):

Lambe-lambe pode ter surgido pelos antigos fotógrafos que batiam a chapa preto-e-branco e assopravam o negativo para que o calor do ar da boca ajudasse a secá-la. Aí as pessoas passavam e viam o fotógrafo fazendo isto e diziam que ele estava lambendo a chapa (AMARANTE e SEVERINO JÚNIOR, 2002 apud FRANCO, 2004, p.21).

“Para Boris Kossoy (1980), a origem do termo lambe-lambe se refere a um teste que se faz para
verificar de que lado estava a emulsão de uma chapa, filme ou papel sensível. Para evitar o erro de colocar a chapa com a emulsão voltada para o fundo do chassi, o que deixaria fora do plano focal e portanto, com falta de nitidez, costumava-se, (não só o fotógrafo lambe-lambe, mas como qualquer outro fotógrafo que utilizava câmeras de grande formato), molhar com saliva a ponta do indicador e do polegar e fazer pressão com esses dois dedos sobre a superfície do material sensível num dos cantos para evitar manchas. O lado em que estivesse a emulsão seria identificado ao produzir uma leve impressão de ‘colagem’ no dedo” (KOSSOY,1974 apud FRANCO, 2004, p. 21).

Segundo alguns lambia-se a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão o que explicaria o nome. […] Há quem diga que se lambia a chapa para fixá-la, porém a origem mais viável parece estar
ligada ainda ao antigo processo da ferrotipia. Este processo envolvia uma camada de asfalto sobre uma chapa de ferro de mais ou menos 1mm sobre a qual era aplicada a emulsão. Após a revelação com sulfato de ferro, o fotógrafo lambia a chapa, fazendo com que a imagem se destacasse do fundo preto asfáltico pela ação do cloreto de sódio existente na saliva"(KOSSOY,1974 apud FRANCO, 2004, p. 21).

Quando se revelava a foto, após ser retirada do banho com o químico fixador, ela era lavada com água, então, os lambe-lambes passavam a foto na boca pra não ficar muito molhada, com o tempo, alguns passaram a acender um fogareirinho com álcool, e secava a chapa nele (FRANCO, 2004).

No Brasil, embora existam muitas imagens, a História da Fotografia Lambe-Lambe não é algo muito simples de se detalhar devido à carência de registros escritos e ao anonimato de muitos fotógrafos. Sendo que, mais a partir dos anos 1980, as pesquisas a respeito deles tivessem se dado, devido a decadência de tal profissão e técnica fotográfica. Rio de Janeiro e São Paulo foram as principais portas de entrada dos fotógrafos lambe-lambes, imigrantes que vinham da Europa já com o conhecimento de fotografar e revelar ao ar livre. Em Belo Horizonte, no ano de 2004, ainda existiam 6 fotógrafos lambe-lambes na Praça da Estação (FRANCO, 2004).


http://lambelambecultural.blogspot.com/


Em cada cidade brasileira, o perfil dos fotógrafos tende a variar. Por exemplo, em Belo Horizonte, a primeira geração de fotógrafos lambe-lambes em 1922 era em maioria de espanhóis e sírios. Nos anos 1930-1940, decretos impunham cobranças de taxas, licenças e rodízios semanais entre os lambe-lambes na capital mineira. Alguns ficavam restritos à fotografia de documentos, outros viajavam para fotografar festas religiosas no interior de Minas Gerais e ganhar dinheiro. Ao final dos anos 1950-1960, os lambe-lambes mineiros vivenciaram o período de maior rentabilidade com os retratos 3x4 para inúmeros documentos como a carteira de trabalho, de identidade... Utilizando como suporte a técnica de se fotografar em vidro, entregavam a foto pronta em 20 minutos. O mesmo ocorreu em Vitória, pois nos anos 1950, os estúdios levavam entre 3 a 4 dias para entregar o serviço pronto aos clientes. Além dos 3x4, os ambulantes mineiros fizeram fotos para monóculos até o final dos anos 1980 (FRANCO, 2004).


http://lambelambecultural.blogspot.com/


A chegada do filme colorido e do minilab (mini-laboratório) para revelações coloridas iniciou o processo de decadência da fotografia lambe-lambe, pois podia oferecer preços ainda menores e a entrega da foto pronta em menos de 30 minutos, além do que, os próprios lambe-lambes ficavam dependentes dos estúdios fotográficos para comprarem o material para revelação colorida (FRANCO, 2004). Quadro semelhante ocorreu no restante do Brasil que, com as inovações e modernizações tecnológicas tanto analógicas quanto digitais e com a popularização e barateamento da fotografia, direcionaram o tradicional ofício dos lambe-lambes à obsolescência e desvalorização, portanto, a caminho da extinção (FERNANDES JÚNIOR, op. cit.).



Os sobreviventes do lambe-lambe vieram se adaptando ao longo dos tempos, desde a máquina Bernardi às de filme colorido; de monóculos às Polaroid e, agora, seguindo com equipamento digital... (FRANCO, 2004; TASSINARI, 2006). Embora, acredite que lambe-lambe mesmo era o que lambia a chapa, os primeiros, tradicionais e característicos.

Por isso, suscito aos meus comparsas, integrantes do Fotoclube Super Olho, uma provocação: procurar se ainda existe algum fotógrafo lambe-lambe em Goiânia e região, lambe-lambe mesmo, de verdade, que tira foto com a chapa preto-e-branco e tudo mais... Com ele realizar uma entrevista informal e claro: tirarmos uma foto para a posteridade! Quem aceita minha proposta?

Para conhecer mais sobre lambe-lambe e sua história, você poderá consultar também as fontes indicadas.
http://www.iesb.br/moduloonline/napratica/?fuseaction=fbx.Materia&CodMateria=2055

Postado por: Naira Rosana em 08 de novembro de 2011.


REFERÊNCIAS

FERNANDES JÚNIOR, Rubens. Desconhecidos íntimos: o imaginário do fotógrafo lambe-lambe. Disponível em:<http://www.mnemocine.com.br/fotografia/rubens.htm>. Acesso em: 07 nov. 2011.

FRANCO, Marcelo Horta Messias. Profissionais em extinção: o caso do fotógrafo lambe-lambe. Monografia de Conclusão de Curso. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2004. Disponível em: <http://www.antropologia.com.br/divu/colab/d25-mfranco.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2011.

SILVA, Andressa Ignácio. Fotógrafos lambe-lambes e fotoclubistas: análise de perfil e perspectiva social da produção fotográfica. II Encontro Nacional de Estudos da Imagem. Anais... 12 a 14 mai. 2009. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais/trabalhos/pdf/SILVA_Andressa%20Ignacio.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2011.

TASSINARI, Marco. Profissão: lambe-lambe. Há 40 anos na lida, fotógrafo se moderniza para enfrentar a concorrência e a falta de material disponível no mercado. 06 jun.2006. Disponível em: <http://www.iesb.br/moduloonline/napratica/?fuseaction=fbx.Materia&CodMateria=2055>. Acesso em: 08 nov. 2011.

INDICAÇÕES DE LEITURA

KOSSOY, Boris. O fotógrafo ambulante: a história da fotografia nas praças de São Paulo. In: Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo, 24 nov.1974, p.5.

FABRIS, Annateresa (Org.). Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: USP, 1991.

FROÉS, Leonardo. Os lambe-lambe. In: Coisas Nossas, Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Educação e Cultura e Mec-Funarte, 1978.

GOUVÊA, Isabel. Lambe-lambe: resistindo à extinção. In: Jornal FotoBahia, Salvador, n.1, jul/1981, p.3.

GRILLO, Margareth. Lambe-lambe: a profissão que a tecnologia desbancou. Disponíel em: <http://www.antropologia.com.br/divu/colab/d25-mfranco.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2011.

JORNAL O Norte. Modernidade versus tradição. Disponível em: <http://www.onorte.com.br/noticia/35257.html>. Acesso em: 08 nov. 2011.

SIMINETTA, Persichetti. Lambe-Lambe: a câmera automática no lugar da velha caixa. In: Revista Iris, n.334, p.18-20, janeiro/fevereiro 1981.

SOUZA, Felipe de Paula. Um olhar sobre os fotógrafos Lambe-lambes de Ilhéus, Bahia. Revista Espaço Acadêmico. n.63. ago. 2006. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/063/63souza.htm>. Acesso em: 08 nov. 2011.

VASQUEZ, Pedro. Olha o "passarinho"! Uma pequena história do retrato. In: O retrato brasileiro: fotografias da Coleção Francisco Rodrigues 1840-1920, Rio de Janeiro, Funarte e Fundação Joaquim Nabuco, 1983, p.27.

ZUANETTI, Rose; REAL, Elizabeth; MARTINS, Nelson et al. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002.

IMAGENS E DEMAIS SITES CONSULTADOS


http://www.flickr.com/photos/claudiolara/362436897/
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/aniversariodecuritiba/territorio/
http://fotografoslambelambes.blogspot.com/2010/02/fotografos-ambulantes-no-brasil-os.html http://www.iesb.br/moduloonline/napratica/?fuseaction=fbx.Materia&CodMateria=2055
http://lambelambecultural.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O retratista de paisagens humanas

Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro, em 1843. Filho de pais franceses ficou órfão na prematura idade de sete anos e tornar-se-ia, anos mais tarde, um dos maiores fotógrafos de seu tempo.
Vai estudar na França, enviado pelos irmãos mais velhos, e retorna ao Brasil em 1858, quando entra para trabalhar em uma empresa que fazia impressões em litografia. É aí que toma suas primeiras lições sobre a técnica da fotografia com o alemão Franz Keller. Alguns anos adiante, aos 21, abre um ateliê especializado em registrar imagens de costumes, fazendas e paisagens. É como retratistas de paisagens naturais e urbanas que Ferrez atinge a excelência. Realiza também fotografias de portos, navios mercantes, navios de guerra, prática que lhe faria merecer os títulos de fotógrafo da Marinha Imperial, e Cavaleiro da Ordem da Rosa, concedidos pelo imperador Pedro II. Mas um incêndio, em 1873, queima o prédio em que vivia com sua esposa, chamada Maria Lefebvre. No acidente, Ferrez perde também sua oficina e todas as suas chapas de negativos.
Marc Ferrez em 1876

Com a ajuda de um amigo, decide voltar para a França e lá permanece até 1875, quando retorna ao Brasil convidado a integrar a Comissão Geológica do Império, a maior e mais importante expedição de sua espécie jamais empreendida no país. A comissão percorre diversas regiões do império e Ferrez é o primeiro fotógrafo a conseguir imagens dos índios Botocudos, realizadas no meio da floresta, em um ponto próximo à colônia de Leopoldina (atual município Colônia Leopoldina, em Alagoas).
Interessam-lhe também as novidades e os inventos fotográficos. Em 1881 vence o prêmio da Exposição da Indústria Nacional com o Aparelho de Vistas Panorâmicas, dispositivo inventado por M. Brandon, mas aperfeiçoado por Ferrez. Em 1907, abre em sociedade a sala de cinema Pathè, na Avenida Central (hoje chamada Avenida Rio Branco), no Rio de Janeiro. No ano seguinte, inicia pioneira incursão pela realização de filmes, atua como produtor de Nhô Anastácio chegou de viagem e A Mala Sinistra, e de documentários sobre a construção de estradas de ferro. Faria ainda registros coloridos pelo processo das chapas de autocromo, processo desenvolvido pelos irmãos Lumière.
Marc Ferrez parou de fotografar em 1914, após a morte de sua esposa. Em meio século de fotografia, produziu vasta documentação sobre o Brasil do século XIX. Seu talento para captar a atividade humana, em cenários naturais ou urbanos; exímio emprego da técnica; e inventividade na composição das imagens, foram reconhecidos em diversas exposições internacionais, as mais importantes de sua época: Viena (1873), Filadélfia (1876), Paris (1878 e 1889), Buenos Aires (1882), Amsterdã (1883), Saint Louis (1904). Seu acervo, de aproximadamente cinco mil fotografias, está hoje sob os cuidados do Instituto Moreira Salles (IMS) e parte dessa grande coleção pode ser apreciada virtualmente, no site do IMS.

A.N.F


Fontes:
Almanaque Abril
Enciclopédia Encarta
Instituto Moreira Salles
Wikipédia



O olhar de Marc Ferrez:

Amolador (1889)


















Vendedora de mercado (1875)














Avenida Central, Rio de Janeiro (1910)















Jardim Botânico, Rio de Janeiro (1880)


















Araucárias, Paraná (1884)















Vapor no Porto do Rio de Janeiro (1895)














Índio botocudo no sul da Bahia (1885)