quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FOTO NA ESCOLA




Em novembro de 2011, tive o prazer de ser assistente do projeto "Foto na Escola", que tem como objetivo utilizar a linguagem da fotografia como modo de reflexão e valorização do ambiente escolar, através da técnica de fotografia pinhole. O projeto foi idealizado e coordenado pelo fotografo e ator, que também é o presidente do Fotoclube Super Olho, Cleiton de Oliveira, apartir de um estudo seu para a conclusão do curso de fotografia, utilizando a fotografia pinhole como forma de inclusão social, onde seu foco principal passa a ser o processo que o individuo passa, e não apenas resultado final, desenvolvendo um olhar artístico e se fazendo presente na fotografia desde a confecção de sua câmera.

O Foto na Escola em sua primeira edição, aconteceu na Escola Municipal Frei Demétrio Zanqueta, que fica no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, Goiás e patrocinado pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura.

Cleiton de Oliveira e aluno

Durante quatro dias, divididos em duas turmas, nos períodos da manhã e tarde, as crianças tiveram noções básicas sobre fotografia, construção de câmera escura e câmera pinhole.


Crianças e Eurípedes dos Santos, produtor do  projeto



Câmeras feitas pelos alunos

A experiência com crianças, que apenas conheciam a estantaniedade da fotografia digital, foi bastante interessante. Elas construíram suas próprias câmeras escuras e, essa foi uma festa para elas, se divertiram bastante quando puderam observar que com dois pedaços de papel preto, um pedaço de papel vegetal e um pedacinho de papel alumínio com um pequeno furo podiam ver a imagem a qual apontavam a sua câmera, refletida no papel vegetal, foi com mágica para eles, que se agitavam com a imagem invertida que se mostrava.

A nossa câmera fotográfica foi construída com caixa de fósforo de madeira e, elas,as crianças, pareciam, tanto eles quanto os professores da escola, incrédulos que poderiam fotografar com uma caixinha de madeira frágil, um filme fotográfico, uma bobina vazia, protegidos com fitas isolante e um pedaço de palito de picolé preso com uma liguinha de latex, apenas isso e não um aparelho cheio de botões e todo um mecanismo complicado por dentro.




Depois de construída a câmera e, explicações dadas, as crianças saíram pela escola, captando imagens do local que passam a maior parte de seu dia e, empolgados divertiram-se muito com a possibilidade de fazerem fotos com aquela geringonça de ante os olhos incrédulos de professores.

A princípio ficamos apreensivos com o resultado final do trabalho das crianças, pois não teríamos a certeza de que eles, apesar de todas as instruções, iriam compreender a importância do tempo de exposição e captação da imagem e o fato de terem que manter a estabilidade de suas câmeras, o que poderia frustrar as crianças que esperavam ansiosas, poderem ver suas fotografias.

Para a primeira experiência deles e, nossa também como o projeto, tivemos uma surpresa, claro que tiveram fotos perdidas, muitas tremidas, com muito e pouco tempo de exposição, mas também tiveram fotos interessantes, bem legais e, mas  legal ainda o olhar e o sorriso  das crianças, ao verem o resultado ,de poder pegar em suas mãos fotografias que fizerem de uma maneira tão simples e gostosa.






Os alunos montaram a exposição, deram nomes as suas fotografias e as colocaram expostas na escola. Para mim, o melhor desse projeto e, da convivência com as crianças, é a parte que não se pode fotografar, a parte que ficará neles e em nós também.

Espero que o que eles tenham vivenciado nesses quatro dias, não somente com relação a fotografia, mas em tudo que passamos e conversamos, possa ter ficado guardada em alguma parte deles e, que em algum momento possa ser útil à eles.










Além do carinho, das cartinhas e abraços e lagrimas, que recebemos das crianças na despedida do projeto na escola Frei Demétrio Zanqueta, levamos a satisfação de termos feito um trabalho gratificante e especial.






Conheça nossos trabalhos acessando:






terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Concurso de Fotografia Eubiose



O concurso tem por finalidade incentivar a sociedade a expressar, por intermédio de 
imagens, a percepção que possui sobre a afirmativa: “Brasil, berço de uma nova civilização”. 
Uma reflexão sobre o Brasil e o Povo Brasileiro: Quem somos nós? Qual o nosso papel para o 
Brasil e para o mundo? Estamos preparados ou nos preparando conscientemente para a 
elevada posição que o Brasil está assumindo no mundo? Quais seriam os nossos valores 
futuros desejáveis como sociedade e como nação?


Poderão inscrever-se no I Concurso Nacional de Fotografia brasileiros e estrangeiros 
residentes no Brasil.

Cada autor poderá participar com  até três  fotos originais, que deverão ser 
impressas e ampliadas (em papel fotográfico fosco ou brilhante) no tamanho de 
20x30cm.

As fotografias poderão ser produzidas em linguagem analógica ou em linguagem 
digital. 

Serão admitidas fotos capturadas por telefone celular.

Maiores informações no site 

O Edital pode ser encontrado para download no link:
http://www.eubiose50anos.org/eubiose/concurso_de_fotografia_files/Edital%20I%20CONCURSO%20NACIONAL%20DE%20FOTOGRAFIA%20DA%20SOCIEDADE%20BRASILEIRA%20DE%20EUBIOSE.pdf

domingo, 15 de janeiro de 2012

Fotografia de negros escravos no Brasil


Desde quando nem me lembro, tenho fascínio em imagens antigas, fotografias que mostram o costume e fisionomia das pessoas e, já há bastante tempo venho procurando fotografias de escravos no Brasil, já estamos mais que familiarizados com pinturas, como as de Debret e Rugendas.


Jean Baptiste Debret

Johann Moritz Rugendas

Mas eu queria o registro real de um instante, porque a fotografia nos mostra sempre o algo mais, a imagem quase que fiel ao que se é na realidade, a pele, a cicatriz, as roupas, olhos marejando, algo que não foi pintado e, meio que por destino, para aqueles que acreditam em sua existência, me deparei com imagens de dois fotógrafos europeus, Augusto Stahl, italiano e o alemão Henrique Klumb, ambos fotógrafos da família real, tendo Klumb dado aulas de fotografia para a princesa Isabel.


Entre alguns de seus trabalhos encontramos registros de negros no século XIX, antes do tal histórico dia 13  de maio de 1888. Depois conheci fotografias de outros fotógrafos como, Marc Ferrez, Victor Frond e Cristiano Júnior.

Nas fotografias reais expressões de mulheres cuidando de crianças brancas, negros em lavouras, em outras mulheres negras e cafusas vestidas como se fossem apenas para aquele registro, de uma forma "romantizada" da mulher negra.

Augusto Stahl- 1865


Augosto Stahl- "Mina Bari"
Cristiano Júnior

Negros com suas faces marcadas de cicatrizes e, mais profundamente em seus olhos tristes, fotos dos últimos anos de escravidão no Brasil.

Sem sorriso, sem alegria, apenas a beleza triste de um povo, de uma época infeliz e equivocada de nosso país. Em muitas fotos notamos a tentativa de amenizar o horror vivido por essas pessoas, que nem considerados seres humanos eram.

Victor Frond

Marc Ferrez- Negra da Bahia

" Os visitantes estrangeiros pararam diante da "roda-viva" que caracterizava o mundo do engenho, das minas e das cidades. é de imaginar o impacto causado pela presença da massa escrava que, exercendo atividades quase que medievais - se comparadas com aquelas em vigência, nos países europeus já industrializados ou em vias de industrialização -, se prestou como modelo àqueles que buscavam documentar o singular"

                                                                                                           (Kossoy e Carneiro)

E assim a fotografia nos ajuda a entender um pouco dessa parte da história brasileira, nos faz imaginar e e perceber como que de fato viviam os negros.

A vida dura, ou quase vida, dos escravos que construíram esse país, não deixou morrer a beleza do povo negro, nem sua herança, apesar de tristes os rostos desses negros retratados, ainda se vê beleza.







Você pode gostar de ler também:


BACELAR, Jeferson e CAROSO, Carlos, Brasil: um país negro? Rio de Janeiro, ed: Pallas, 1999.

KOSSOY, Boris e CARNEIRO, Maria Luiza Tucci, O olhar europeu: o negro na iconografia brasileira do século XIX, São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2002.